29 fevereiro, 2008

Amor & Primavera

Os dias estão finalmente a ficar maiores, o sol já aquece, os pássaros voltaram a cantar e não deve tardar para as flores começarem a despontar. Está aí a Primavera. Quando todas as coisas vivas vivem mais (porque no Verão está demasiado calor...) e com mais força. Quando toda a gente se devia apaixonar, quando deviamos andar todos aos suspiros e com um ar sonhador, com o coração a bater com força e aquele friozinho na barriga que só quem já se apaixonou conhece. E é tão bom... O amor devia ser sempre assim, qualquer coisa que nos deixa meio aparvalhados, com um ar ausente e a fazer todo o tipo de disparates e coisas pirosas sem querer saber o que dizem as outras pessoas. Dou aqui publicamente o meu apoio a todas as pessoas que se beijam apaixonadamente no meio da rua como se tivessem sozinhos, que se abraçam e dizem disparates ao ouvido um do outro só porque sabe bem estar perto. Só porque esses disparates nos fazem sentir noutro planeta apenas porque foram ditos por esse alguém que nos é mais especial... Quem nunca fez figuras tristes em nome do amor (ou da paixão ou do que lhe quiseram chamar) que atire a primeira pedra...

Psicologia

Acebei de ler um artigo onde se fala nos cursos que mais pessoas mandam para o desemprego. Psicologia é, obviamente, um deles. E agora? Não é que os psicólogos não façam falta, a realidade é que fazem (cada vez mais) falta, só que isso não é reconhecido. Ou se o é, ninguém faz nada em relação a isso. Sinto que há uma cultura de "psicólgo de gabinete". A ideia que as pessoas têm do psicólgo é alguém excêntrico, com umas ideias malucas, que "tem umas conversas" com pessoas que "têm problemas" e que se escondem atrás de testes e portas fechadas. E à conta desta brincadeira a população em geral não sabe muito bem o que é o trabalho de um psicólogo nem tão pouco para que é que serve. Nunca me identifiquei muito com o trabalho de gabinete, seja em clinica privada ou num hospital/centro de saúde. Acho que ia sofucar. E a formação que temos dá para fazer coisas tão maravilhosas, que ficar unicamente fechado numa sala me parece um bocado redutor. E o Governo, como não podia deixar de ser, não ajuda. Não se abrem vagas para o Sistema Nacional de Saúde há anos. Não se contratam psicólgos para as escolas há mais de uma década - e todos sabemos como faz falta alguém com conhecimentos técnicos para ajudar os alunos, não só com problemas de aprendizagem, como professores na gestão da sala de aula e de comportamentos disruptivos e os próprios pais e a ligação destes à escola. Os psicólogos não trabalham com malucos. Ou pelos menos não é só isso que fazemos. E não temos "conversas" com as pessoas. Há uma infinidade de técnicas, reconhecidas e usadas lá fora há anos, que aqui não passam de ideias de vanguarda, mas ainda assim, ideias. E pensar que há pessoas que sofrem - seja com o que for, e há muito mais para além da depressão - e que não usufruem dos conhecimentos técnicos e teóricos que existem porque nasceram em Portugal, onde qualquer alteração demora séculos (em alguns casos literalmente séculos) a acontecer. Mas enquanto estudante e pré-profissional o meu papel neste momento é forçar estas barreiras e estes bloqueios. E é, de facto, um grande desafio.
Não me queria ir embora, sem antes falar nas noticias que li sobre o Prozac. Tenho uma atitude muito clara acerca dos medicamentos psiquiátricos. Reconheço a sua utilidade em situações extremas, mas é preciso reconhecer que uma depressão (para falar em algo que as pessoas conhecem, pelo menos minimamente) não se cura com medicamentos. Eles disfarçam os sintomas, aliviam o sofrimento, mas a causa do sofrimento continua sempre lá. Não acredito que a medicação resolva nada, apenas ajuda as pessoas a minorar o sofrimento. O que acontece é que, na maioria das vazes, quando se retira o medicamento as pessoas voltam a sofrer, porque o sofrimento esteve sempre lá, apenas disfarçado. E depois têm três soluções: ou voltam à medicação e habituam-se a viver pedradas, ou acomodam-se ao sofrimento e aprendem a lidar com ele (a maior parte das vezes ignorando-o e agravando-o) ou procuram outras soluções. E é aí que surge o psicólogo. Claro que a minha opinião é suspeita, mas imaginem assim: uma pessoa tem um cancro num sitio qualquer. Pode tomar comprimidos para as dores e até nem lhe doer nada, mas o cancro continua sempre lá a menos que se faça alguma coisa em relação a isso. Claro que se a pessoa tiver em demasiado sofrimento por causa das dores não consegue funcionar nem aguentar o tratamento oncológico, mas se esse sofrimento for minorado ou aliviado de alguma forma, então fica disponivel para iniciar os tratamentos - que também comportam sofrimento - para o verdadeiro problema. No cancro o problema não são as dores, é o cancro. Na depressão, o problema não é a tristeza, é a causa da depressão. Pode-se disfarçar a tristeza, mas a causa vai sempre lá estar e, logo, a depressão também. Ainda que o possa estar de uma forma mais ou menos latente, silenciosa.

28 fevereiro, 2008

RE: mamalhadas

Em resposta ao teu desapontamento com a minha opinião profissional, mamalhadas, com um nick desses e a ter sonhos eróticos o que é que querias que eu te dissesse?! Não posso fazer milagres... (Eh eh eh) De resto identifiquei-me muito com o post que aqui deixaste. Tiveste uns tempos sem escrever mas vejo que voltaste em força. Agora, quando puderes, quero que me digas onde leste isso porque duvido que seja um original teu. Muahahahah! Hoje tou a ver se acabo contigo.
Pronto, beijinhos à prima e até à próxima...

É possivel estarmos num sitio, sentirmo-nos em casa e no entanto, sabermos que não pertencemos lá?

27 fevereiro, 2008

A incoerência

(Valerie Spain)


Gosto dos teus olhos, do teu cabelo, dos teus lábios.

Gosto do teu abraço, do teu beijo, do teu toque.

Gosto do teu estilo, da tua roupa, do teu andar.

Gosto da tua pele e do teu cheiro (pensando bem já não sei ao que cheiras, mas sei que gosto).

Gosto da tua voz, do teu sorriso, do teu corpo.

Gosto até que me gostes, mas não, não gosto de ti.

Recalcamento

Quero começar por pedir desculpas pela demora da minha resposta ao pedido que me foi feito. Mamalhadas: não acredito que o teu problema seja recalcamento, mas sim falta dele. Porque uma gaja que anda praí a ter sonhos eróticos com este e com aquele é uma ressabiada, destravada e desgovernada, e não uma vitima do recalcamento. E pronto, é esta a minha opinião académicamente fundamentada.
Agora que já despachei este assunto, quero só deixar dois pensamentos: "a minha adição é tão forte que quando eu me levanto ela já tomou o pequeno almoço" e "há compromissos que se assumem sem palavras e palavras que se assumem sem compromisso". E pronto.

Às vezes é preciso tão pouco...

(Fotógrafo: Trinette Reed)




Ontem, estava eu a ser útil (uauuu!), a tomar conta do negócio da irmã e do cunhado, quando entra uma velhota na loja. A senhora, claramente cansada, veio perguntar-me a que horas abriria a loja do lado. Respondi-lhe que não sabia mas que, passando já das 15h, não deveria demorar. A senhora voltou a sair desajeitadamente, segurando a bengala. Passado 10 minutos voltou a entrar, desta vez para perguntar se eu tinha a certeza que a loja (a do lado) iria mesmo abrir à tarde. Respondi-lhe novamente que não sabia mas que se quisesse podia sentar-se ali um bocado à espera, em vez de estar na rua. Ela aceitou com alívio e sentou-se. Daí a 15 minutos chega finalmente a dona da loja, a velhota levanta-se e diz-me: “Obrigada menina! Que Deus lhe dê muita saúde e que ao longo da sua vida encontre sempre pessoas capazes de fazer pela menina, o que a menina fez por mim.”

Balbuciei um “de nada!” e sorri. Continuei a sorrir o resto do dia. :)

21 fevereiro, 2008

Sabemos que algo não está bem quando...

(Brandon Boyd)


… em pleno dia de semana, nos deitámos às 4h da manhã (e não fomos para a borga), acordámos às 15h da tarde, e constatamos horrorizados que tivemos um sonho erótico com alguém que nem sequer achamos minimamente atraente. (Porra pá, ao menos que tivesse sido com o menino da foto!)




P.S: Happywhale, terei algum recalcamento maléfico?
Há dias que não valem mesmo nada. Estes dias têm sido assim pra mim. Há uns dias disse que por vezes me sentia sosinha no mundo. Nestes ultimos dias é mesmo assim que me tenho sentido. Sei que é um cliché, mas hoje faz-me mais sentido do que nunca: a sensação de estar rodeada de pessoas e no entanto sentir-me sosinha de qualquer maneira. É como se fossem pessoas fantasmas: sei que elas lá estão mas é assim tipo entidade superior. Estão lá mas algures numa outra dimensão que eu não alcanço e, verdade seja dita, não tenho muita paciência para tentar alcançar. Talves seja um defeito meu, mas é um facto. E é nesta "solidão acompanhada" que me encontro agora. Só me apetece encolher-me e dormir.

20 fevereiro, 2008

O regresso!

(Peter Burian, The autumn lane in winter 2007)


Ora, um grande bem-haja a todos os leitores (temos algum?) que acompanham este fabulástico blog!
Depois de meses de ausência (é imperdoável, eu sei), decidi voltar a participar e enriquecer a vossa vida, queridos leitores (há que dar graxa mesmo que as hipóteses de alguém ler isto sejam nulas), com algumas pérolas da minha, pouco interessante (ups!), vida.
E porque é que “voltastes”? Perguntam-me vocês. Epá… Porque sim.
Não, agora a sério, já que sou uma pessoa pouco ocupada, a bem da verdade, sou a pessoa mais desocupada que conheço (actualmente), lá me vou tendo que ocupar de alguma forma, e porque não escrever qualquer coisinha aqui?


Assim sendo, cá vos deixo com um excerto de uma conversa… pouco interessante:


Ele: Bem o jantar já está pronto, vou jantar, tá? Obrigada por me ouvires e desculpa lá a grande seca que te dei…


Eu: Sim, vai jantar e descansa. De nada!


(…Silêncio…)


Ele: Hãn… Era suposto teres respondido: “não foi seca nenhuma”……


Eu (para moi même, claro): Foda-se!


Das duas, uma: ou eu sou uma besta-quadrada ou dou-me com pessoas extremamente sensíveis. Seja como for, (e fazendo uso de uma grande frase do filme “Gone With The Wind”): Frankly, my dear, I don’t give a damn.

18 fevereiro, 2008

Há dias de manhã que uma pessoa à tarde não se devia levantar à noite...

15 fevereiro, 2008

Sozinha no mundo

O que é que se diz quando não há mais nada para dizer? O que é que se faz quando não há nada para fazer? Quando o tempo se arrasta e tudo o que vai ficando para trás se mistura como se fosse puré de batata: qualquer coisa mole e homogénea. Sem significado e pouco consistente. Os dias sucedem-se sem nada de novo, sem surpresa nem sobressaltos e quando damos por nós já se passaram meses (anos?) e não vivemos. Fomos vivendo. Um dia atrás do outro, num encadeamento sem fim. E depois, quando nos apercebemos o que (não) se está a passar e queremos fazer qualquer coisa, o corpo não responde, reclama, acomoda-se. Vivo nesta luta entre o que faço e o que quero fazer, o que tenho e o quero ter, o que sou e o que quero ser. Mas lutar custa e cansa e hoje estou naqueles dias em que só me apetece baixar os braços, fazer sem pensar nas consequências, sem me chatear, sem me preocupar, como se vivesse sozinha no mundo. Porque há dias que é mesmo assim que me sinto - sozinha no mundo.

13 fevereiro, 2008

Grandes verdades

Vim só aqui deixar um pensamento que ouvi no grupo um dia destes e que me deixou KO: há quatro saídas para a droga: a prisão, a loucura, a morte e o tratamento. É um frase simples mas dá muito que pensar não?

08 fevereiro, 2008

Carnaval

Finalmente acabou o Carnaval. Até costuma gostar do Carnaval mas este ano tive a trabalhar num bar e nem deu pra me mascarar. É impressionante os comportamentos estúpidos que as pessoas têm quando estão bêbadas. E, uma vez que estava a vender imperial, apanhei com muitas. Fazem as figuras mais tristes e degradantes. Este foi a minha primeira experiência atrás do balcão (a passagem de ano não conta) e aquilo não é mesmo trabalho para mim. Não tenho paciência para aturar pessoas mal educadas, com a mania que, lá porque estamos a trabalhar temos que aturar tudo o que nos aparece pela frente. Há uns estúpidos que atiram o dinheiro pra cima do balcão e nem à merda nos mandam, há outros que mesmo vendo que estamos ocupados naquele momento continuam a pedir coisas, como se conseguissemos fazer 300 coisas ao mesmo tempo. Não há paciência. Mas para mim os piores de todos são aqueles que vêm pedir coisas à borla. E chegam ao ridiculo de implorar! Houve uma que me matou completamente: já tinhamos fechado as portas e estavamos a pedir às pessoas que saissem quando se chega uma mulher ao balcão e diz "ah, já bebi muito aqui hoje por isso tá na hora de me oferecerem mais uma imperial" e eu expliquei-lhe que já não estávamos a servir - até porque se eu servisse aquela vinha logo tudo reclamar que também queria ser servido - e não é que aquela grandessíssima estúpida se vira e atira uma moeda pra cima do balcão e diz "pronto, se não quer oferecer eu pago pra me servir". Deu-me uma vontade de lhe atirar com a moeda acima... E outra, no auge da noite, tavamos nós todos enrascados ao balcão e eu tava a receber dinheiro de duas pessoas diferentes, uma pagou com uma nota de 5 e outra pagou com uma de 10. Dei o troco ao gajo da nota de 5 e quando fui dar o troco à gaja da nota de 10 enganei-me e fiz troco de 5 euros também, ela disse que aquilo não tava certo e eu perguntei se ela não me tinha pago com uma nota de 5, e ela vira-se toda indignada "não! paguei com uma de 10" emendei o meu erro, pedi desculpa e tal e ela "ah pronto, assim tá bem" como quem me manda à merda... Grr! Por isso pessoal que costuma sair à noite (ou mesmo à tarde) as pessoas que vos atendem estão a trabalhar mas não é por isso que têm que vos aturar. Essa coisa do "cliente tem sempre razão" parece-me um bocado estúpida e pouco civilizada.