26 novembro, 2007

Hey man! What's the matter with you? Don't you remember me? From the family? Bah.. Parece que finalmente veio o inverno. Frio (e chuva de vez em quando) mas frio essencialmente, e é claro que, em Lisboa, mesmo sem chuva há poças e lamaçais por todo o lado, mas caga nisso. Parece também que estou quase de férias (muahahahah), já só faltam 3 semanas. Agora giro giro é que não me compensa nada comprar o passe para o mês que vem! Rasparta a TST! Porque é que não fazem passe para meio mês? Que merda, porque, claro está que não vou pagar um mês para andar só metade! Sendo assim lá vou ter que ir de carro, confortável e quente, a ouvir música, fumar um cigarrinho na portagem, estacionar mesmo ao lado do técnico (e que se foda a emel). É uma chatice!

16 novembro, 2007

Chouriçadas

Bem... Agora ia-me engasgando a rir aqui sozinha... Vou começar a fazer uma espécie de dinâmicas de grupo com os utentes, já que eles estão ali um bocadinho dispersos (e eu também não tenho nada para fazer...). Como não fui a 98% das aulas de dinâmicas de grupo, decidi ir ao google pesquizar uns jogos giros para fazer com eles. E vejam só o que me saiu:

Favelas

Numa roda, toda a gente abre as pernas e deixa os seus sapatos. Cada favela é o espaço entre os dois sapatos. Fica uma pessoa no meio com um chouriço na mão, que é o assaltante. Ao sinal do animador toda a gente tem de visitar outra favela sem ser atingido pelo chouriço do assaltante.

Então mas eu vou mandar os gajos andar à chouriçada uns com os outros?! Havia de ser bonito: "Então pessoal, saquem lá desses chouriços pra fazermos um jogo muita giro!" Isto há coisas na internet...

14 novembro, 2007

Bah...

Quero-me ir embora daqui! Há não sei quantos dias que não faço nada... Ainda por cima veio para cá uma voluntária de psicologia, o que é duplamente frustrante: primeiro porque se ela é voluntária é porque ninguém lhe paga para trabalhar, e segundo, com ela aqui é muito mais fácil que ninguém me dê nada para fazer porque ela não precisa que lhe expliquem como se faz, porque já sabe... Claro que quando eu digo que não há nada para fazer, não me refiro à falta absoluta de trabaho, o que não falta aqui são coisas para fazer. Mas se eu quisesse fazer sandes, carregar caixotes, tirar fotocópias e fazer listas de pessoas no exel não tinha vindo estagiar, ou pelo menos não estava a estudar psicologia. Nem me atrevo a oferecer-me para ajudar, só ajudo quando me pedem, porque se não é que o meu orientador se esquecia de vez que eu cá estou e o que estou a fazer (ou a não fazer, se virmos bem a realidade)... E depois às vezes fico com a sensação que ele está a gozar comigo: na segunda feira disse-me que para a semana tinha muito trabalho para mim. Na volta esse "trabalho" não é mais do que organizar as fichas dos utentes por ordem alfabética. Ontem tive a manhã toda a anhar aqui sentada sem saber onde é que ele estava nem o que estava a fazer. À hora do almoço vira-se para mim e diz "hoje nem lhe pus a vista em cima!". O que é que isso quer dizer? "ainda bem que hoje não tive que a aturar"? Eu respondi-lhe "olhe que eu não saí do mesmo sítio..." E é verdade! Se ele não me pos a vista em cima não foi por eu ter andado por aí muito atarefada, nem tão pouco me andei a esconder. Fiquei a manhã toda aqui sentada a fazer coisas como a lista para o almoço e pouco mais. Deu-me uma vontade de lhe responder torto... Há dias em que perferia não er vindo estagiar para aqui, mas ainda tenho alguma esperança que isto seja só nos primeiros tempos. Pareço os jogadores compulsivos: também nunca mudam de máquina porque acham que vai sempre sair na próxima jogada... E nós sabemo como isso é patológico...

11 novembro, 2007

PALAVRÕES

Já me estão a cansar... parem lá com a mania de que digo muitos palavrões, caralho! Gosto de palavrões! Como gosto de palavras em geral. Acho-os indispensáveis a quem tenha necessidade de dialogar... mas dialogar com caracter! O que se não deve é aplicar um bom palavrão fora do contexto, quando bem aplicado é como uma narrativa aberta, eu pessoalmente encaro-os na perspectiva literária! Quando se usam palavrões sem ser com o sentido concreto que têm, é como se estivéssemos a desinfectá-los, a torná-los decentes, a recuperá-los para o convívio familiar. Quando um palavrão é usado literalmente, é repugnante.

Dizer "Tenho uma verruga no caralho" é inadmissível. No entanto, dizer que a nova decoração adoptada para a CBR 900' 2000 não lembra ao "caralho", não mete nojo a ninguém. Cada vez que um palavrão é utilizado fora do seu contexto concreto e significado, é como se fosse reabilitado. Dar nova vida aos palavrões, libertando-os dos constrangimentos estritamente sexuais ou orgânicos que os sufocam, é simplesmente um exercício de libertação.

Quando uma esferográfica não escreve num exame de Estruturas "ah a grande puta... não escreve!", desagrava-se a mulher que se prostitui.

Em Portugal é muito raro usarem-se os palavrões literalmente. É saudável. Entre amigos, a exortação "Não sejas conas", significa que o parceiro pode não jogar um caralho de GT2. Nada tem a ver com o calão utilizado para "vulva", palavra horrenda, que se evita a todo o custo nas conversas diárias.

Pessoalmente, gosto da expressão "É fodido..." dito com satisfação até parece que liberta a alma! Do mesmo modo, quando dizemos "Foda-se!", é raro que a entidade que nos provocou a imprecação seja passível de ser sexualmente assaltada. Por ex.: quando o Mário Transalpino "descia" os 8 andares para ir á garagem buscar a moto e verificava que se tinha esquecido de trazer as chaves... "Foda-se"!! não existe nada no vocabulário que dê tanta paz ao espirito como um tranquilo "Foda-se...!!". O léxico tem destas coisas, é erudito mas não liberta. Os palavrões supostamente menos pesados como "chiça" e "porra", escandalizam-me. São violentos.

Enquanto um pai, ao não conseguir montar um avião da Lego para o filho, pode suspirar após três quartos de hora, "ai o caralho...", sem que daí venha grande mal à família, um chiça", sibilino e cheio, pode instalar o terror. Quando o mesmo pai, recém-chegado do Kit-Market ou do Aki, perde uma peça para a armação do estendal de roupa e se põe, de rabo para o ar, a perguntar "onde é que se meteu a puta da porca...?", está a dignificar tanto as putas como as porcas, como as que acumulam as duas qualidades.

Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como "vagina", "prepúcio", "glande", "vulva" e “escroto". São palavrões precisamente porque são demasiadamente ínequívocos... para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer que "fica na vagina da mãe" ou "no ânus de Judas". Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão menos jeito! Quem é que se atreve a propor expressões latinas como "fellatio" e "cunnilingus"? Tira a vontade a qualquer um! Da mesma maneira, "masturbação" é pesado e maçudo, prestando-se pouco ao diálogo, enquanto o equivalente popular "esgalhar um pessegueiro", com a ressonância inocente que tem, de um treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil. Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso.


Miguel Esteves Cardoso

(o texto já tem uns tempos mas vale sempre a pena recordar)

07 novembro, 2007

Reflexões

Há uns dias perguntaram-me se eu não ficava com vontade de pegar nos sem-abrigo que encontrava na rua e de os levar para casa, de lhes dar banho e de comer. Na altura respondi que não. Mas agora sinto-me de maneira diferente. Às vezes dou por mim preocupada de eles conseguem ou não. Porque me parece que estão ali num estado meio borderline entre o conseguir e o desistir de vez. E não há forma de lhes garantir que eles conseguem mesmo, é preciso que eles mesmo acreditem. Apesar de tudo há sempre aqueles que não conseguem. Já tinha ouvido falar no poder da droga (seja ela qual for, e todos temos a nossa) mas nunca o tinha visto. A cada dia que passa vou-me apercebendo que ouvir falar, ler e ver ao vivo são coisas tão diferentes que nem parece o mesmo. E de facto, não é. Por outro lado, a minha imaginação não tinha capacidade para criar cenários tão dramáticos, tão cheios de angústia, tão desesperados, mas ao mesmo tempo tão lutadores, tão determinados e, por vezes, tão bem sucedidos. E no fundo é por esses dias que se trabalha.

06 novembro, 2007

Nada é perfeito

Alô alô! Daqui fala da Comunidade Vida e Paz. Ainda não fiz nada hoje... Ontem nem me chamaram para a reunião com os utentes... E eu a pensar que Sexta tinha sido o começo da minha actividade, afinal tou a ver que foi uma vez sem exemplo. Isto assim não vai com nada. Até gostava de perguntar porque é que aqui não fazem psicoterapia de apoio enquanto os utentes estão à espera de ir para os centros, já que - pelo menos a meu ver - é uma fase muito dificil da recuperação e parece-me que eles passam aqui o dia mas sempre um pouco desamparados. Mas tenho sempre medo que me achem com a mania que sei, ou que pensem "olha esta a ver se arranja lugar..." ou outra coisa qualquer. Então vou passando grande parte do tempo aqui neste computador à espera que alguém esteja demasiado ocupado para fazer qualquer coisa e me venha pedir que o faço eu. Como foi na Sexta.. mas até agora nada. Até me chateia escrever no diário porque me começa a parecer que os dias são todos muito iguais e demasiado desocupados. Afinal de contas chego ao fim do dia cansada sem ter feito realmente nada, acordo cedo pra vir para aqui mas não venho fazer grande coisa. Quando é me põem a render?

Não venho mesmo dizer nada

Eh eh! Há tanto tempo que não vinha aqui... mas tá giro, diz que sim... É que isto de volta à aulas e o trabalho e o carai é lixado (vá lá ao menos que o Sporting não vai mal). E era mesmo só uma visita rápida. Até lá